- Destaque
- Publicado
Operação da Polícia Civil investiga empresa por suspeita de golpe em oferta de vacinas contra a covid-19; Barra do Piraí foi uma das cidades procuradas
A Polícia Civil realiza hoje a operação Sine Die (“sem data”, em latim), que investiga uma empresa e seus representantes, sediados em Recife (PE), que estariam aplicando golpes na oferta de vacinas AstraZeneca/Oxford contra a covid-19. Estão sendo cumpridos oito mandados de busca e apreensão de aparelhos de telefone celular, computadores, contratos e documentos. A ação é uma parceria dos agentes da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD) com a Polícia Civil pernambucana e a Polícia Rodoviária Federal (PRF)
De acordo com as investigações, a empresa supostamente ofertaria lotes dos imunizantes da AstraZeneca/Oxford pelo valor de US$7,90 a serem depositados por remessa internacional ou cartão de crédito. Entretanto, o laboratório esclarece em nota que as doses em produção são destinadas diretamente ao consórcio Covax Facility e contratos com os países. Deste modo, não há doses remanescentes a serem comercializadas com estados, municípios ou entidades privadas.
Ainda conforme relatos, 20 cidades foram procuradas em todo o Brasil. No estado do Rio de Janeiro, uma delas foi Barra do Piraí. Por meio de nota via assessoria de imprensa, o prefeito Mario Esteves confirmou o contato, bem como desconfiou tratar-se de um golpe tão logo a oferta chegou. Assim, ele comunicou o caso às autoridades policiais e articulou uma reunião na capital pernambucana que derrubou o esquema.
“Vários elementos despertaram a minha atenção, a começar pela facilidade ofertada. Se até em países que fabricam a vacina está havendo uma corrida pelo imunizante, como ofereciam algo com tanta celeridade, praticamente sem dificuldade nenhuma? Denunciamos tanto à Polícia Federal quanto à Polícia Civil e, hoje, vimos que nossas suspeitas não eram infundadas”, relata o chefe do Executivo barrense.
Segundo Mario, Barra do Piraí foi um dos poucos municípios a não cair em golpes referentes à compra de respiradores, em 2020. “Recebemos ofertas dos equipamentos com preços absurdos, e só compramos quando a negociação chegou a patamares razoáveis - pagamos pouco mais de R$ 20 mil por cada item. Se aproveitar de um momento como esse para tentar obter lucros exorbitantes é um crime com o qual não compactuarei nunca”, diz.
Ele conclui reafirmando a disposição em comprar as vacinas contra a Covid-19 para ajudar a acelerar o Plano Nacional de Imunização (PNI), sem se envolver em nenhuma “aventura” e tendo cautela. “Não podemos, no desespero, criar ainda mais um problema, que seria gastar milhões e, depois, sequer receber as doses. Faremos tudo com muita cautela sempre”, finaliza.